As categorias de cabeamento de par trançado são bem conhecidas, desde a categoria 5e até a 6A. Menos conhecidas são as categorias 7 e 7A, inexistentes nas normas norte-americanas (ANSI/TIA) e pouco utilizadas no país. Mas, e quanto à categoria 8 e o Ethernet a 40 Gb/s para par trançado, já tinha ouvido falar?
Pois é, a categoria 8 de componentes de cabeamento de par trançado já foi normatizada há alguns anos, estando presente tanto nas normas internacionais (ISO/IEC) quanto nas norte-americanas (ANSI/TIA). E, a partir de meados de 2019, também em nossa norma nacional ABNT/NBR 14565 (veja abaixo meu vídeo realizado na época da publicação dessa revisão da norma).
Para saber quais as normas de cabeamento estruturado mais relevantes, leia este artigo. Se está com “preguiça” de ler o artigo, ouça este podcast, gerado por IA, baseado no conteúdo deste artigo (menos técnico, mas mais divertido):
E qual a finalidade da categoria 8? Permitir aplicações Ethernet de velocidades 25 Gb/s e 40 Gb/s em enlaces de par trançado nas instalações de data centers. No entanto, a Cat.8 é a única que prevê um canal de no máximo 30 metros, diferente das outras categorias, que permitem canais de até 100 metros de extensão.
E tem mais: a Cat.8 prevê um canal de somente duas conexões, uma em cada extremidade, no início e no fim do enlace permanente. O enlace permanente deve ter até 24 metros de cabo com condutores sólidos. O canal de 30 metros é obtido com a conexão de patch cords de até 3 metros em cada extremidade.
Um canal de somente 30 metros seria viável em um data center? Sim, pois a ideia do Cat.8 é a de ser uma opção à fibra óptica em conexões de até 40 Gb/s dentro de uma mesma fileira de racks/gabinetes. A maioria das fileiras tem menos que 30 metros. Então a Cat.8 acaba sendo uma opção de solução mais econômica (quando se leva em consideração também o custo dos equipamentos ativos) para links “intra-fileira”, desde que a velocidade não passe de 40 Gb/s.
A frequência máxima de transmissão de sinais sobre a Cat.8 é de 2000 MHz (ou 2 GHz), o dobro da categoria anterior, a Cat.7A, que é de 1000 MHz. Veja a tabela com todas as frequências suportadas pelas diferentes categorias de componentes:
Categoria | Frequência Máxima (MHz) | Blindagem |
5e | 100 | Opcional |
6 | 250 | Opcional |
6A | 500 | Opcional |
7 (ISO) | 600 | Sim |
7A (ISO) | 1000 | Sim |
8 (TIA) e 8.1 (ISO) | 2000 | Sim |
8.2 (ISO) | 2000 | Sim |
Só que existem alguns “detalhes”… A norma ISO/IEC reconhece duas categorias de componentes: 8.1 e 8.2. A norma ANSI/TIA reconhece apenas a categoria 8, equivalente à categoria 8.1 da ISO. E quais as diferenças? Veja essa tabela abaixo:
Categoria dos componentes | Categ. TIA | Classe ISO | Comprimento máximo (m ) | Qtd. máxima de conexões (*) | Tipo de conector |
5e | 5e | D | 100 | 4 | RJ45 |
6 | 6 | E | 100 | 4 | RJ45 |
6A | 6A | EA | 100 | 4 | RJ45 |
7 | – | F | 100 | 4 | Tera/GG45 |
7A | – | FA | 100 | 4 | Tera/GG45 |
8 (TIA) ou 8.1 (ISO) | 8 | I | 30 | 2 | RJ45 |
8.2 (ISO) | – | II | 30 | 2 | Tera/GG45 |
Na tabela acima, você vê que as categorias 8 da ANSI/TIA e 8.1 da ISO/IEC utilizam conectores modulares de 8 contatos/8 posições (mais conhecidos como RJ-45), enquanto a categoria 8.2 utiliza os mesmos tipos de conectores que já tinham sido definidos para as categorias 7 e 7A (só que para 2000 MHz), sendo que os principais são o Tera (da Siemon) e o GG45 (da Nexans).
Outra diferença está na blindagem. A blindagem utilizada nos cabos Cat.8 e 8.1 geralmente é do tipo F/UTP ou U/FTP, enquanto a utilizada no 8.2 é do tipo S/FTP ou F/FTP (veja mais sobre os padrões de blindagem em meu vídeo abaixo)
Um canal construído com componentes da categoria 8.1 é chamado de Classe I pela ISO, enquanto aquele construído com componentes categoria 8.2 é chamado de Classe II. A norma ANSI/TIA chama o canal com componentes Cat.8 também de categoria 8.
O padrão de rede Ethernet para 40 Gb/s em par trançado é o 40GBASE-T, enquanto o padrão para 25 Gb/s é o 25GBASE-T, ambos definidos na norma IEEE 802.3bq-2016, e utilizam todos os quatro pares do cabeamento (para saber mais sobre a nomenclatura utilizada para as interfaces Ethernet, veja este meu vídeo abaixo). Nesta página eu relaciono os padrões Ethernet sobre fibra óptica e par trançado e respectivas mídias físicas necessárias.
Todos os principais fabricantes de cabeamento já possuem soluções Cat.8, mas sua utilização ainda é bem restrita.
Eu fiz um vídeo sobre a Cat.8 e o 40GBASE-T. Confira:
Para saber mais sobre as categorias de cabos e os parâmetros de transmissão que os definem, confira meu curso SCE331.
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Até a próxima!
Marcelo Barboza, RCDD, DCDC, NTS, ATS, DCS Design, Assessor CEEDA
Clarity Treinamentos
marcelo@claritytreinamentos.com.br
Sobre o autor
Marcelo Barboza, instrutor da área de cabeamento estruturado desde 2001, formado pelo Mackenzie, possui mais de 30 anos de experiência em TI, membro da BICSI e da comissão de estudos sobre cabeamento estruturado da ABNT/COBEI, certificado pela BICSI (RCDD, DCDC e NTS), Uptime Institute (ATS) e DCPro (Data Center Specialist – Design). Instrutor autorizado para cursos selecionados da DCProfessional, Fluke Networks, Panduit e Clarity Treinamentos. Assessor para o selo de eficiência para data centers – CEEDA.