Introdução ao confinamento
Em meu artigo anterior, mostrei a importância de uma boa gestão do fluxo de ar na refrigeração dos computadores de um data center. É uma boa ideia ler aquele artigo antes deste, pois lá explico os três principais problemas na gestão do fluxo de ar: ar frio desviado, recirculação do ar quente e pressão negativa. Neste artigo, vamos rever esses problemas e apresentar as soluções de confinamento de corredores, que complementam as práticas mostradas no artigo citado. Depois, leia meu artigo mais recente sobre o assunto.
Vamos recordar esses principais problemas com a seguinte figura:
É necessário evitarmos esses problemas com medidas tais como:
- Fechar as posições de rack não utilizadas com tampas cegas
- Não deixar espaços entre os racks da fileira
- Selar as passagens de dutos e cabos que atravessam o pleno de fornecimento de ar frio (geralmente, o piso elevado)
- Não colocar saídas de ar frio em locais que não sejam os corredores frios
Mesmo com todas essas medidas, ainda há locais por onde o ar frio ou o ar quente consegue escapar de seu corredor e acaba ocorrendo a mistura indesejada do ar quente com o frio: pelo topo e pelo final dos corredores, onde indicado pelas setas amarelas na figura abaixo.
É aí que entra a solução do “confinamento de corredores”, visando fechar esses dois locais (topo e final de corredores), evitando a mistura do ar quente com o frio. Podemos confinar o corredor quente ou o frio, usando anteparos sobre os racks e portas ao final dos corredores.
Confinamento do corredor frio
Ao confinar o corredor frio, evitamos que o ar resfriado fornecido pelo CRAC se desvie por qualquer outro lugar. A única maneira de ele retornar ao CRAC é passando através dos computadores instalados nos racks. É claro que precisamos fechar quaisquer outros potenciais “buracos” por onde o ar poderia sair.
Principais características dessa solução:
- Menos volume de ar frio
- O resto da sala é quente, o que poderia ser um problema para a instalação de equipamentos “stand alone” (fora de rack ou “de piso”), pois poderiam sobreaquecer
- Maior uniformidade na temperatura do corredor frio
- É mais fácil de ser aplicada quando os racks são padronizados
Cuidado para não pressurizar demais o corredor frio, senão o ar acaba se “desviando” por dentro dos computadores, ou seja, passa através deles mesmo não havendo muita necessidade.
Confinamento do corredor quente
Nesta solução, evitamos que o ar quente retorne aos computadores criando um “duto” entre o corredor quente e o retorno do CRAC. Esse retorno pode ser dutado ou através do plenum formado pelo forro. Na figura abaixo, o suprimento de ar frio não precisaria ser feito por sob o piso elevado, poderia também ser feito pelo ambiente.
Principais características dessa solução:
- Maior volume de ar frio (o restante da sala)
- O resto da sala é fria, permitindo a instalação de equipamentos “stand alone” sem problema de superaquecimento
- O corredor quente fica muito quente, potencialmente levando a problemas de saúde ocupacional se alguém precisasse ficar muito tempo ali, pois esse corredor pode facilmente passar dos 40 °C
- É mais fácil de ser aplicada quando os racks são padronizados
Rack chaminé
Esta é uma outra forma de confinamento do corredor quente, só que sem a criação do corredor quente em si. Cada rack confina seu próprio ar quente, possuindo portas traseiras seladas e uma chaminé que permite o retorno do ar quente ao CRAC através de dutos ou do plenum superior.
Principais características dessa solução:
- Não tem corredor quente, evitando problemas de salubridade para quem precisar ficar atrás dos racks por muito tempo
- O resto da sala é fria
- Layout mais flexível, não necessitando a criação de corredores paralelos
- Exige racks apropriados para tal solução, mas não precisam ser todos iguais
Conclusão
Existem diversas alternativas para a implementação do confinamento de corredores. Cada uma delas tem suas características, vantagens e desvantagens. De qualquer forma, implantar o confinamento é melhor do que não fazê-lo, qualquer que seja a solução adotada. Só não podemos descuidar dos demais pontos de atenção com relação à gestão do fluxo de ar, como detalhados no artigo citado no início deste.
Para saber mais, assista meu vídeo sobre confinamento de corredores:
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Até a próxima!
Marcelo Barboza, RCDD, DCDC, ATS, DCS Design, Assessor CEEDA
Clarity Treinamentos
marcelo@claritytreinamentos.com.br
Sobre o autor
Marcelo Barboza, instrutor da área de cabeamento estruturado desde 2001, formado pelo Mackenzie, possui mais de 30 anos de experiência em TI, membro da BICSI e da comissão de estudos sobre cabeamento estruturado da ABNT/COBEI, certificado pela BICSI (RCDD e DCDC), Uptime Institute (ATS) e DCPro (Data Center Specialist – Design). Instrutor autorizado para cursos selecionados da DCProfessional, Fluke Networks, Panduit e Clarity Treinamentos. Assessor para o selo de eficiência para data centers – CEEDA.