Desde sua introdução, mais de 15 anos atrás, a fibra multimodo insensível a curvaturas (BIMMF) redefiniu o projeto, instalação e métodos de teste dos sistemas de cabeamento óptico. Esta tecnologia surgiu como uma solução para a atenuação de sinal causada por curvaturas apertadas, oferecendo maior flexibilidade na instalação e manutenção das redes, sem sacrificar o desempenho. Você pode também assistir ao podcast gerado por IA com base neste artigo clicando aqui.
Sumário
Histórico e Evolução da BIMMF
A BIMMF surgiu como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados pelas fibras ópticas multimodo (MMF) durante os anos 2000. Com o avanço das demandas por redes de dados mais rápidas, como o Gigabit Ethernet e o 10-Gigabit Ethernet, as fibras multimodo de 50 microns ganharam proeminência devido à sua capacidade superior de transmissão em comparação com as de 62,5 microns. Esta evolução culminou com a criação das fibras otimizadas para laser, caracterizadas como OM1, OM2, OM3 e OM4, cada uma representando um aprimoramento em largura de banda modal. Todas essas categorias de fibras multmodo, de OM1 a OM5 estão presentes na norma nacional de cabeamento estruturado, a NBR 14565.
Funcionamento do BIMMF
A fibra BIMMF impede que modos de luz de ordem superior escapem do núcleo para o revestimento, permitindo que a fibra suporte curvaturas mais apertadas sem perda de sinal significativa. Com a BIMMF, o raio de curvatura aceitável foi reduzido de 30 mm para apenas 7,5 mm, possibilitando práticas de instalação mais flexíveis e eficientes.
Vantagens da BIMMF
A BIMMF traz várias vantagens, como permitir uma instalação mais flexível em ambientes apertados devido a seu menor raio de curvatura. Seu alto desempenho de transmissão é mantido mesmo quando dobrada em ângulos mais estreitos, sendo ideal para ambientes de alta densidade onde o espaço é uma limitação. A compatibilidade com fibras multimodo convencionais, conforme a norma IEC 60793-2-10, facilita a transição e a integração com as infraestruturas existentes.
Evolução dos Procedimentos de Teste
Antes da BIMMF, os procedimentos de teste para fibras multimodo envolviam o uso de mandril para criar uma condição de lançamento sobrecarregada (overfilled launch), comum quando se utilizavam fontes LED. Com o advento da BIMMF, os métodos precisaram se adaptar para considerar sua melhor tolerância à perda em curvaturas. Novos mandris menores, cerca de 4 mm de diâmetro, passaram a ser usados. Mas esses novos mandris resolveram apenas parte do problema, na janela de 850 nm, sendo insuficiente para testes precisos na janela de 1300 nm. A solução veio somente com o conceito de “fluxo encadeado” (encircled flux – EF), permitindo medir com precisão a perda da BIMMF. Este avanço foi formalizado no padrão TIA-568.3, que recomenda a BIMMF para espaços onde o raio de curvatura tradicional não pode ser acomodado.
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Considerações para Implementação
Normas e Compatibilidade
A introdução das fibras multimodo insensíveis a curvaturas (BIMMF) envolveu extensa padronização para garantir sua compatibilidade com as fibras existentes. A norma IEC 60793-2-10 especifica detalhadamente as características de desempenho das fibras ópticas BIMMF, incluindo seus raios de curvatura e modos de confinamento de luz. Este padrão assegura que as BIMMFs possam ser usadas em conjunto com fibras multimodo de tipos OM3 e OM4, que eram previamente utilizadas na maioria das redes.
A ANSI/TIA-568.3-E, por sua vez, recomenda o uso de BIMMF em ambientes de alta densidade, especialmente onde as limitações de espaço físico impedem o uso de fibras com maiores raios de curvatura. Esta norma garante que, mesmo ao integrar fibras BIMMF em sistemas existentes, a compatibilidade e a eficiência de transmissão sejam mantidas. Este aspecto é crítico, pois evita a necessidade de substituir toda a infraestrutura já instalada, permitindo uma transição suave e eficaz para sistemas mais modernos.
Desempenho e Economia
O desempenho das fibras BIMMF é notável por sua capacidade de manter a integridade do sinal em condições de curvatura extrema. Essa capacidade se traduz em várias vantagens econômicas e operacionais, especialmente em infraestruturas urbanas densas e data centers, onde a otimização do espaço é crucial. Ao permitir raios de curvatura menores, as BIMMFs facilitam a instalação em espaços confinados, potencializando a capacidade de instalação de cabos sem a necessidade de grandes ajustes estruturais ou remodelação de espaços já ocupados.
Do ponto de vista econômico, embora as BIMMFs possam representar inicialmente um investimento mais elevado em comparação com fibras convencionais, seus benefícios a longo prazo superam os custos. Elas proporcionam redução de custos operacionais pela diminuição na quantidade de manutenção necessária e minimizam o tempo de inatividade devido ao menor risco de atenuação por dobras. Ademais, sua compatibilidade com infraestruturas já existentes elimina a necessidade de substituir todo o cabeamento, focando apenas nos pontos críticos onde a performance é desejada.
Conclusão
A introdução das fibras multimodo insensíveis a curvatura marcou um ponto de inflexão nas redes de comunicação óptica, permitindo instalações mais compactas e otimizadas sem comprometer a confiabilidade ou o desempenho. A aceitação generalizada e a compatibilidade garantem que as BIMMFs continuem a influenciar positivamente o planejamento e a administração de redes ópticas por muitos anos.