Olá, sou Marcelo Barboza, da Clarity Treinamentos, e hoje vamos abordar um tema que gera muitas dúvidas entre técnicos de cabeamento: as perdas negativas em testes de links de fibras ópticas. Recentemente, participei de uma discussão com Richard Landim, da Fluke, e Dennis Rossi, da TREND Networks, onde exploramos as causas dessas perdas negativas tanto em testes com Power Meter quanto com OTDR. Neste artigo, vou compartilhar os principais pontos dessa conversa, explicando de forma didática os motivos para essas ocorrências.
Perdas Negativas em Testes com Power Meter
Quando realizamos testes com Power Meter, a perda negativa geralmente indica um problema de referência. Richard Landim explicou que o valor medido é subtraído da referência, e se a referência for maior que o valor medido, obtemos uma perda negativa. Isso pode ocorrer por vários motivos:
- Método de Referência Incorreto: Este é o motivo mais comum. Se o método de referência não for executado corretamente, a referência pode estar errada, resultando em valores negativos.
- Estabilização da Fonte de Luz: A recomendação da Fluke é deixar o equipamento óptico ligado por 5 minutos antes de tirar a referência, para que a fonte de luz se estabilize. Se a referência for tirada antes desse período, a luz ainda estará fraca, resultando em uma referência menor e, consequentemente, uma perda negativa quando a potência total for medida.
Perdas Negativas em Testes com OTDR
No caso do OTDR, a situação é diferente, pois não há uma referência direta como no Power Meter. As perdas negativas aqui estão relacionadas ao fenômeno do retroespalhamento (backscattering) e às características das fibras ópticas. Dennis Rossi e Richard Landim explicaram que as perdas negativas ocorrem devido a diferenças no retroespalhamento e nas velocidades de propagação da luz em diferentes fibras. Vamos entender isso melhor:
- Retroespalhamento: O OTDR mede o retorno da luz ao longo do comprimento da fibra. Quando a luz trafega por diferentes meios, ela encontra diferentes velocidades de propagação e diferentes retroespalhamentos. Se a luz passa de uma fibra mais lenta para uma mais rápida, o OTDR pode registrar uma perda negativa.
- Diferenças nas Fibras: Em fibras multimodo, por exemplo, uma fibra OM1 (com núcleo de 62,5 mícrons) conectada a uma fibra OM2 (com núcleo de 50 mícrons) pode resultar em perda negativa ao passar de uma fibra de qualidade “inferior” para uma de qualidade “superior”. O mesmo princípio se aplica às fibras monomodo, onde pequenas variações no diâmetro do núcleo (que pode variar de 7,3 a 10,8 mícrons) podem causar perdas negativas.
- Mudança de Meio: Quando há uma mudança de meio, como de uma fibra OM2 para uma OM4, a velocidade superior da OM4 pode resultar em uma perda negativa. No teste inverso (de B para A), a perda negativa se transforma em perda excessiva.
Soluções e Boas Práticas
Para minimizar as perdas negativas, é essencial seguir algumas boas práticas:
- Método de Referência Correto: Certifique-se de seguir o método de referência correto ao usar o Power Meter, conforme descrito no manual do equipamento.
- Estabilização da Fonte de Luz: Deixe o equipamento óptico ligado por pelo menos 5 minutos antes de tirar a referência.
- Consistência nas Fibras: Use fibras de lançamento e recepção consistentes com o link que está sendo testado.
- Firmware Atualizado: Utilize equipamentos com firmware atualizado que possam compensar automaticamente as diferenças de velocidade e retroespalhamento, como mencionado por Richard Landim sobre os equipamentos da Fluke.
Conclusão
Entender as causas das perdas negativas em testes com Power Meter e OTDR é crucial para garantir a precisão dos testes de links de fibras ópticas. Espero que este artigo tenha esclarecido as principais razões para essas ocorrências e fornecido dicas úteis para evitá-las. Para mais detalhes, não deixe de conferir o vídeo original da nossa discussão aqui.
Se você tiver dúvidas ou quiser saber mais sobre este tema, sinta-se à vontade para entrar em contato. Estamos aqui para ajudar a garantir que suas instalações de fibra óptica sejam sempre precisas e eficientes.
Marcelo Barboza
Clarity Treinamentos